30 de novembro de 2009

Triste


There are few people whom I really love, and still fewer of whom I think well. The more I see of the world, the more am I dissatisfied with it; and every day confirms my belief of the inconsistency of all human characters, and of the little dependence that can be placed on the appearance of either merit or sense.

[Jane Austen, Pride and Prejudice]

23 de novembro de 2009

'O que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta...'

Good morning!

E não existe NADA melhor no mundo

do que acordar ao seu lado.


=]

Poderia ser mais lento!

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio
Seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das
horas.

[Mario Quintana]

18 de novembro de 2009

Fatão de diva

If I get married, I want to be v e r y married.

[Audrey Hepburn]

Soooo cute!

Caixa de saída

Ontem (18/11), foi o Dia da Criatividade e eu tentei com TODAS AS FORÇAS fugir do clichê pra retribuir a mensagem tão fofa que eu recebi.
Saiu isso:

Eu gosto de tomar banho com você e te deixar lavar minhas orelhas, e ficar te olhando enquanto cozinha pra mim e comer direto da panela só pra você rir quando eu queimo a língua.Gosto de receber mensagens no meio da madrugada e de te emprestar livros que eu sei que nunca vai ler, e te mandar ir ao oftalmologista e te obrigar a usar óculos. Eu gosto de te querer de manhãzinha mas te deixar dormir um pouco mais. Eu gosto de ser a única que acha graça nas suas piadas de velho e de olhar suas fotos e desejar ter te conhecido desde sempre e te procurar toda vez que sinto o seu cheiro pelo corredor da agência. E dizer que você é o diretor de arte mais poeta do mundo e te deixar me invadir com o seu toque, fazer bico só pra conseguir o que eu quero e sorrir e pular feito uma garotinha quando ganho um presente. E querer te ver toda hora e não entender porque você pensa que eu estou te rejeitando quando eu não estou e pensar como isso pode ser possível agora, que nos conhecemos de verdade e que eu vivo por aí cantarolando, fazendo poemas e escrevendo mensagens gigantes e quase sem nexo só pra tentar mensurar o meu sentimento. Gosto fazer pirraça pra você não ir embora e ficar te apressando pra gente sair mais cedo do trabalho e te pedir em casamento quase todo dia, porque, apesar de você achar que eu estou brincando eu quero MESMO ficar com você PRA SEMPRE. E querer tudo que você quiser, e me esforçar pra ler seu pensamento e te dar sempre o meu melhor. E ser mais sua a cada dia, e querer te dar um gatinho e inventar um jeito estranho pra agradecer ao destino por ter me colocado no lugar certo na hora certa, no seu caminho.
O 'eu te amo' é inevitável, então...
TE AMO!

12 de novembro de 2009

Frase de diva

I’m selfish, impatient and a little insecure. I make mistakes, I am out of control and at times hard to handle. But if you can’t handle me at my worst, then you sure as hell don’t deserve me at my best.

[Marilyn Monroe]

Divas

Looking good and dressing well is a necessity.
Having a purpose in life is not.

[Oscar Wilde]


















Monroe














Twiggi
















Beavouir




















Loren














Hepburn























Bardot

Sob o domínio do Sol de bolso

ah, vamos esquecer por uma semana nosso sol de bolso, como João Cabral chamava a aspirina, como Paulo Henriques Britto batizou o milagroso antidepressivo, remate de males do cocoruto, vamos esquecer por uma semana as cartelas, as receitas, as tarjas negras, vamos ver o que acontece, vamos dar um bom dia tristeza, vamos nos tornar lindamente melancólicos ao lusco-fusco, vamos deixar q a espessa neblina encubra o pára-brisa, vamos tentar..., e se der merda, e se a gente não segurar a onda, a gente enche a cara, noite na taverna, a gente volta correndo pra casa e faz dos lençóis uma cabana, uma barraca de praia no escuro, a gente se agarra como se fosse mesmo o fim do mundo, e daí?, posso querer os seus zolhinhos com aquele velho spleen?!

[Xico Sá]

10 de novembro de 2009

Eu me odeio por ser assim

Uma pessoa olhando para um celular que não toca - não há cena mais idiota. Os celulares foram justamente inventados para que ninguém precise mais ficar aguardando uma ligação ao lado do telefone.

[Fernanda Young em Aritmética]

E se perder e se achar...

Um cachorro, Campeão. Vivia só com ele e começou a me incomodar. Levei-o ao bosque, deixei-o amarrado com uma corda que pudesse romper com um pouco de perseverância e voltei para casa. Em um par de dias estava arranhando a porta; deixei entrar. Ficou intolerável; levei-o a um bosque mais distante e o amarrei a uma árvore com uma corda mais grossa (sabia que o defeito não estava na corda, mas na fidelidade do animal; tinha, talvez, a esperança secreta que desta vez não pudesse se soltar e morresse de fome).

Voltou alguns dias depois.

Então soube que o cachorro voltaria sempre. Não me atrevia a matá-lo por temor aos remorsos; e pensei que ainda que conseguisse efetivamente perdê-lo, num bosque mais distante ainda, viveria com o temor constante de seu regresso; atormentaria minhas noites e turvaria minhas alegrias; me amarraria mais sua ausência do que sua presença.

Então duvidei apenas um instante frente à majestade do bosque compacto que se alçava diante de meus olhos – sombrio, imponente, desconhecido –; resolutamente, comecei a entrar, e continuei entrando até que, finalmente, me perdi.

[Mario Levrero]

Pra provar que eu não sou a única dramática do universo

eu fui quem

sempre fui

com as honrosas exceções

de não ter sido eu mesmo

quando as circunstâncias exigiam

o contrário

o cadáver de raymond

carver, por exemplo

eu nunca fui

nem mesmo quando desejei

ter sido (o álcool em trailers nevados

o alaska, o zumbido

zumbi)

lá em brazzaville

fui eu quem dei no pé

o ukelelê soando adormecido

sob o sovaco

a maquiagem preta derretida

sob o sol do congo

mais uma vez fui eu

em casino royale

a valise de 1 milhão de euros

aberta contra o vento da baía, o temporal

de tiros dos capangas

de dostoiévski

ex-manager de futebol do chelsea

(seu corpo barbudo apareceu

boiando no tâmisa

numa manhã de domingo)

você me ver agora ou há 3 meses

tanto faz

sou aquele mesmo com aquelas

dores mais recônditas

que não cabem num blogue

a dor das vísceras, que é boba

como explicou meu dentista

dói o coração, mas sente o braço

dói a alma e sente o nervo

saiba por ora que tenho

dormido à noite

iluminado pela janela

de um boeing

e que a lua lá fora

simboliza

o futuro

e você não está nele

(nem no boeing

nem no futuro)

então adeus

até nunca mais

e um dia


[Joca Reiners Terron]

O acrobata pede desculpas e cai.

[...] Consigo fazer com que o João Teimoso atravesse a porta da minha casa de brinquedo. Eu não caibo todo dentro dela. Mas quem disse que é preciso caber inteiro dentro da casa? Basta que uma parte do meu corpo esteja dentro dela. Estou muito cansado para me preocupar com um assunto tão sem importância. Com a cabeça dentro da casa e a cabeça do João Teimoso esmagada contra meu rosto, chorando para o seu sorriso, sou apanhado pelo sono. Amanhã acharei uma saída. [...]

[Fausto Wolff]

Tô lendo e é foda.
Recomendo.

Quem não se comunica...

6 de novembro de 2009

O destino dos pombinhos

Além dos inevitáveis e permanentes comentários sobre o tempo, o calor e outros fogos nas entranhas, como diria o cabrón Pedro Almodóvar, chegou a hora da maldita pergunta sobre o Réveillon.
Você ali no maior barraco de fim de feira amorosa com a gazela, numa D.R. (a mitológica discussão de relação) que mais parece cinema iraniano, e lá vem uma gaiata, dentes de porcelana à mostra, e manda, na lata:
- E aí, onde os pombinhos vão passar o fim de ano?
Antes que você diga que está em dúvida, o que é normalíssimo, a serelepe, mais falsa do que alegria de celebridade em micareta, conta do pacote que comprou para Buenos Aires, sul da Bahia, Fortaleza ou Porto de Galinhas etc, etc.
Você nem sabe se estará mais junto da cria da sua costela até a última folhinha do ano e a vadia, toda patriçosa, toda planejada, a contar as vantagens do seu destino, do pacote, do hotel, da cascata de fogos, do jantar romântico incluído no preço e todas outras babaquices que nos deixam sem paciência -principalmente durante uma crise no namoro ou casamento.
Claro que é perversão pura da vagaba. Sabe como ninguém que os pombinhos, como ela cinicamente os trata, já não arrulham na mesma sintonia, já não comem o mesmo Pê-Efe com o apetite de quem janta num DOM, num Fasano, para citar apenas dois dos mais caros e metidos restaurantes de São Paulo.
Dá vontade de ser bem grosso, bruto como o amigo Lunga de Juazeiro. Porém, haja porém, você, macho sensível, moderno e civilizado, mantém a calma. Já não bastam as suas discussões internas sobre o assunto, que sempre rendem quiprocós e arranca-rabos, e ainda vem essa desalmada riscar o fósforo da intriga no paiol dos outros?!
Você ali, amigo, ainda concentrado na reta final do campeonato, além de enfrentar a cobrança em casa ainda tem que vacinar-se contra essas peruas-butantãs!? Você nas projeções do seu tricolor, do seu Palmeiras, do Mengo, do Inter, do Galo ou do Cruzeiro, vai ter de fechar todos esses detalhes da viagem logo agora?! O amigo ali fazendo mandinga para evitar o rebaixamento do seu Flu, do seu Náutico, do seu Bota... A pressão a essa altura é das maiores. Até mesmo para os solitários. Lembro de um ano que resolvi, relaxadamente, ficar em São Paulo, na buena, andava meio zen, nada de enfrentar o caos de aeroportos e rodagens.
A cidade foi esvaziando, o prédio da área da rua Augusta idem, aí o Everaldo, nobre porteiro paraibano fã do Metallica, me olhou com aquela cara de piedade, como quem diz "coitado do tiozinho, deve tá duro, sem grana, não pode ir nem ali na Baixada Santista, na Praia Grande".
Aquele olhar implacável me fez correr direto para a rodoviária, peguei um ônibus para o Rio e passei a meia-noite em um táxi, entalado no túnel Rebouças, mas ouvindo o foguetório de Copabacana. Que maravilha, que beleza!

& MODINHAS DE FÊMEA

Ah, basta a pressão caseira da nêga fungando no cangote, chega de pergunta sobre Réveillon no social clube dos botequins e outras rodas. Pera lá, num amola, dá-se um jeito, quem sabe para Bora-Bora, como no final daquele filme do Coppola, One from the Heart, sim, aquele mesmo, O Fundo do Coração, como no cartaz nacionalíssimo.

Eu sou, eu sou eu sou...

Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

[Adélia Prado]

5 de novembro de 2009

Sobre eles

Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele, querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote.

[da delicadíssima Rita Apoena]

Leminski diz:

Nenhuma dor pelo dano.
Todo dano é bendito.
Do ano mais maligno,
nasce o dia mais bonito.


4 de novembro de 2009

Corrente

Eu hoje fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho

Eu acho que o meu samba é uma corrente
E coerentemente assino embaixo

Hoje é preciso refletir um pouco
E ver que o samba está tomando jeito

Só mesmo embriagado ou muito louco
Pra contestar e pra botar defeito

Precisa ser muito sincero e claro
Pra confessar que andei sambando errado

Talvez precise até tomar na cara
Pra ver que o samba está bem melhorado

Tem mais é que ser bem cara de tacho
Não ver a multidão sambar contente

Isso me deixa triste e cabisbaixo
Por isso eu fiz um samba bem pra frente

Dizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que o meu samba é uma corrente

E coerentemente assino embaixo
Hoje é preciso refletir um pouco

E ver que o samba está tomando jeito
Só mesmo embriagado ou muito louco

Pra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincero e claro

Pra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na cara

Pra ver que o samba está bem melhorado
Tem mais é que ser bem cara de tacho

Não ver a multidão sambar contente
Isso me deixa triste e cabisbaixo

Por isso eu fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho

[Chico Buarque]

Com amor ou não...

Sem risinho eu mantive o pedido, fazendo dele algo mesmo. Um murro, você escolhe o lugar. É isso mesmo? Claro que não, seria terrível conviver com isso. Então espero do fundo da minha alma que você possa continuar ouvindo isso sem jamais me saciar. Mas era um minuto tão escuro de uma hora que nem existe, então, quis te dar essa honestidade que nem poderia ser contada pra não perder seu caráter. Eu queria mesmo era um murro. Não o dado porque se ama, o dado com a secura e a realidade de não significar nada. Pra ver se mata ou acorda isso que, também em nome da realidade e da secura, não vou significar.
Isso que queria um murro pra doer onde se fala tanto de uma dor que não se sabe ao certo onde bate. Um murro na boca. Isso que precisa do limite da força pra suportar caber em alguma aresta que sou eu mesma. Isso de doer pra ser bom, que podemos fazer se no fundo funciona também assim?
Isso de apenas ser um murro, algo tão absurdo. Algo que acaba sendo alguma verdade nunca dita causando assim tantos problemas ditos até que todos não se suportem mais. Se as pessoas simplesmente pudessem pedir, assim, vai, me dá um murro, quantos jantares e viagens e noites e festas e conversas e histórias seriam salvas.
Tá, eu vou metaforizar, afinal, é assim que acabo cabendo no que sinto ou ao contrário. Eu queria um murro massagem cardíaca. Queria um murro reboot de cabeça. Um murro pra sentir aquele salgado quente azedo doce na boca, pra ser vampira de mim, fome de mim, um murro pra me sentir e a violência que me amedronta tanto não ser culpa minha. Um murro para eu amar o mal fora de mim, mas sempre precisando dele. Sempre lutando pra segurar o sangue na boca ainda que seja inevitável me escorrer vermelha em cima de qualquer coisa que me faça precisar de ar. O mal arrebentando minha boca e dentes e cordas vocais sempre segurando tanto potencial pra dizer e estragar tudo e ficar livre e querer dizer pra resgatar tudo e ficar livre. E nunca se fica livre porque nunca se fica bem. Um murro pra ter o que cuspir, o que costurar, o que esperar. Pra ver a ferida e não ser a ferida. Pra cuidar de uma ferida que pode se ver e esperar. Pra poder ficar quieta. É isso. Um murro na boca. Bem dado. Para eu ficar quieta. É isso. Eu sou um marido que não agüenta mais sua mulher. Eu não agüento mais a minha mulher. Cala a boca!
Não é sexual, tapinha, coisa de gente que escuta samba e faz piada com pandeiro. Não é doença protegida por açúcar e língua. É raiz à seco. Não é pra exorcizar a merda e correr pro banho e correr pra festa e correr. É murro de cair no chão e enxergar cantos distorcidos de teto se fechando. É um murro bem dado, numa rua sem árvore com flores amarelas. Em algum lugar onde as pessoas falam sueco e escutam húngaro. Em algum lugar onde o azul defunto e o branco dia nada não seja efeito de cineasta perturbado. Um murro terrível, impossível de perdoar, impossível de ser amor, impossível de continuar. E então eu poderia dormir ao seu lado. Cansada, ensangüentada, sem nenhuma espera, acabada, sem amor, sem dente, sem sangue, sem ser gente, principalmente sem ser mulher. E então eu poderia só porque não correria mais o risco de levar um murro.

[Tati Bernardi]

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