10 de setembro de 2008

Email pra Talita. nº 2

Tah,

só pra te contar em que ponto da montanha russa anda a minha vida.
[E eu sei que você não perguntou, mas como meu salário de estagiária não é o suficiente pra pagar um terapeuta, eu alugo meus amigos mesmo.
'O apreço não tem preço.']

Semana passada recebi uma proposta indecentíssima de 'viver uma porra loucagem'.
Mais do que depressa a minha metade descolada e auto-suficiente disse sim, mas foi calada pela outra metade, a que ainda traz consigo todos os sonhos da quando brincavamos de casinha no pátio do FF ou no quintal da Vó Detinha.

As coisas vão indo bem por aqui. Trabalho e facul estão cada vez mais interessantes.
[certo que se eu quisesse me aprofundar tanto em sociologia, faria logo ciencias socias. rs. Mas tudo bem, daqui a pouco acaba a fase da teoria, espero.]
Não tenho uma rotina massante, mas às vezes ela me sufoca. Se eu pudesse pedir a Deus alguma coisa, pediria mais uma hora de almoço, um sofá confortável do lado da minha mesa e o sagrado direito a siesta.
Tem hora que me bate uma saudade danada de morar pertinho de todo mundo, onde eu posso acordar as 6:55 pra chegar do outro lado da cidade as 7, pracinha do hospital, cafézinho na vó, clube, sino da matriz, feriados com procissões e um grande etc.
Mas na mesma hora eu penso que BH às vezes fica pequena pra mim, pra minha vontade de fazer tudo ao mesmo tempo, estar em todos os lugares, visitar todos os museus, ler todos os livros e saber tudo de tudo.
[Sim, tenho complexo de Lex Luthor.]
O que aquieta meu coração é a certeza do meu alicerce. Oliveira é a base, a pista do aeroporto que o avião da minha vida decola. Viajo, cresço, experimento, aprendo, canso, sinto falta, choro e volto. E tudo está lá, do jeitinho que eu gosto, tudo que eu preciso pra descansar para a próxima viagem.

Que graça teria a vida sem a dorzinha da saudade, não?


Olha, Tah,
estou exigindo uma visita sua aqui. Pra gente sair, sambar, beber, rir, perder ônibus.
Por mais que eu tente, é impossível criar laços de amizade sincera em cidade grande. Até porque, a minha metade que traz os sonhos de quando brincavamos no pátio do FF não me deixa confiar em quem eu conheci depois da minha primeira década de vida.

Só pra finalizar, sobre o que eu resolvi da proposta.
Aceitei.
Pulei de ponta e azar se a piscina for rasa ou não tiver água.
O friozinho na barriga da queda vale qualquer testa quebrada.

Agora é a sua vez,
sua vida, a quantas anda? Abra seu coração para que eu não me ache tão egocentrica.


Saudade?
nada... tem só uns 5 anos que eu não te vejo...

Bjos
Nayara

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