19 de dezembro de 2008

Hoje a fé me abandonou.

Why isn't love enough?
[Alice Aires in Closer.]

Amor não se implora. Se a solução fosse essa, já teria me ajoelhado no milho, em espinhos, me curvado até o cofrinho aparecer, e ficado sempre, ao invés de ir embora fingindo sorrir, até te vencer pelo cansaço.
Se loucura ajudasse, poderia cogitar as piores. Das mais rídiculas às mais perigosas: Pular de um carro em movimento na porta da sua casa. Saltar de paraquedas pelada.
Se funcionasse chorar, choraria até desidratar, até formar um rio, até...
Mas amor não se pede, imagine só.
Alô! Seu tonto, será que não dá pra você me olhar por cinco segundos pra que eu me sinta especial e consiga ver graça em qualquer noite chata?! Não, não posso pedir isso.
Ei, seu lerdo. Será que você não pode me abraçar forte e dizer que tá tudo bem só pra que eu perca o meu medo de cair?! Não, eu não posso dizer isso.
Acorda, acorda! E venha me beijar como um beijo de final de filme, porque a cada vez que você passa e não me olha eu me diminuo.
Definitivamente, não, melhor não.
Não vou dizer isso.
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira.
É um desperdício amar sozinha. É um saco chorar sozinha. É horrível construir sonhos sozinha.
Mas eu não posso, eu sei, dá vontade, mas eu não posso te ligar só pra dizer: Boa noite, não, não está tudo bem. Tô sofrendo aqui, será que dá pra parar com essa estupidez de não ser meu?!
Mas amor não se pede. Isso me dá raiva, mas e aí?
Também tenho raiva de todas as músicas que quis ouvir do seu lado e não pude, de todos os dvds que eu quis assistir embaixo do seu edredon e não deu, de todas as tardes de domingo que eu te quis do meu lado e não tive.
Parafraseando Nietzsche, você me roubou a solidão, mas nunca me ofereceu em troca verdadeira companhia.
Mas não posso, nem brincando, te ligar pra dizer: ei! Penso em você 24 horas do meu dia. Aposto que ninguém mais faz isso. Larga essa vida de migalhas e vê se me ama logo.
Porque amor, meu amor, não se pede. É triste, mas não se pede. É triste ir embora pra casa sozinha e sentir aquele vazio enorme no peito. É triste levantar sozinha, ter que me arrumar sozinha, ter que caminhar sozinha pra chegar, te ver rodeado de pessoas e às vezes não merecer nem um olhar.
É ainda mais triste sentir seu cheiro invadir meu espaço, aquele cheiro que acalma minha busca. O cheiro que me dá vontade de transar pro resto da vida.
É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo te fazer feliz.
Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado.
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, implorar, muito menos pra esquecer.
É triste saber que com você meu sorriso é diferente. Que você comigo é diferente, mas que a sua vida não é só aqui comigo. Dá vontade...
Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Você sabe... Você sabe.


[Texto adaptado]

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